segunda-feira, 5 de maio de 2014

CSC - Dia 01 - SJPP a Zubiri

obs: perdoem erros de digitacao e portugues. Teclado ruim e peregrino com pressa!
Ainda antes de começar...
No meu quarto em SJPP ficaram a brasileira que conheci na hora de encontrar o albergue, uma turma de italianos que também estao de bike, uma mexicana que esta com uma mochila pesadissima e acho que vai despachar um bucado de coisa pra Santiago e um outro brasileiro que esta fazendo o caminho pela segunda vez e trazendo outra filha, ja que da primeira ele fez com uma. Todos engracadissimos.. a gente conversando tudo misturado portugues, espanhol e italiano. Massa demais!! 
Primeira parte - Saída e Pirineus
Nao vou mentir, estava receoso (com muito medo mesmo) em encarar o Caminho sozinho, tanto por estar em um país que nao o meu e sem saber falar a lingua quanto pelo próprio caminho. Acordei antes de 7, arrumei tudo e fui tomar meu café da manha dado no albergue: pao (regrado, já que as primeiras turmas comeram muito) com geléia, café e achocolado). Sai entre 7:30 e 8:00, me despedindo dos italianos que ainda arrumavam suas coisas, com um frio na barriga, sem ter certeza de por onde o caminho começa, rs. Logo na saída de SJPP começa a subir, minha estratégia nao era outra: marchas leves, devagar e sempre. Logo logo fui ficando mais a vontade, passando por muitos (muitos mesmo) peregrinos a pé, cumprimentando um aqui e outro ali e subindo. A saída de SJPP até grande parte da subida dos Pirineus se dá pelo asfalto (cerca de 10 a 15 km). No meio dessa subida tem um refúgio (Orisson) onde parei para um café e voltei a subir. A altitude aumentando e o frio acompanhando, quando estava quase no final da parte de asfalto tinha uma van vendendo comes e bebes, parei, mandei duas bananas, um ovo cozido, um cafè, um achocolatado e uma barrinha e um bolinho pra viagem. Depois de subir muito e ver a altitude subir de 200 a 1300m se entra na parte de trilha.. pqp... já estava fadigado da subida e agora tinha pedra solta e a temperatura só abaixando.. pouco tempo depois o trecho fica mais plano, mas estava um barro só, quem estava a pé podia ir se desvencilhando pelas bordas, de bike, ou carregava bike com bagagem ou ia sujando o pé de barro. Em determinado momento meu pé enfiou completamente no barro gelado, veio uma neblina fudida e eu aproveitava os trechos pedaláveis pra dar um gás.. esse período de frio e barro durou cerca de 2 km, depois foi atenuando (apesar da altitude ainda subir mais) e aí se tornou um passeio pelo topo dos pirineus, em estradas de terra e trilhas pedaláveis. Adeus neblina, frio e até tive que tirar o corta-vento. Legal que em determinados trechos tinha neve na beirada da estrada, quando perguntei alguns peregrinos se aquilo era mesmo neve, pra confirmar, responderam e se divertiram muito com minha alegria de parar pra pegar neve. Depois perguntaram de onde eu era e, com a resposta, eles entenderam. rs..
Ou seja, depois de subir, passar um perrengue de 2 Km e trilhar atravessando a fronteira Franca-Espanha, chegou o ponto alto da primeira parte desse dia, avistei um pedacinho de construcoes, era Roncesvalles se aproximando, eu sabia que daí pra frente seria só descida até a cidade. E que descida gostosa, apesar da velocidade contida, curti demais, cheguei a cansar e parei no meio para contemplar a vista e beber água. Nesse momento conheci dois caras da Lituania, que tiraram foto pra mim e eu pra eles. Continuei descendo e logo cheguei em Roncesvalles, ainda com dificuldade em falar Gracias no lugar de Merci, encostei a bicicleta e fui comprar algo para comer e beber, aí veio a merda: Cadê minha carteira? Caraca.. revirei tudo e nada, até que estava com pouco dinheiro, mas estava com meu cartao.. fiquei desorientado e pensando na merda que ia ser resolver isso. Logo depois, com calma, lembrei que a tinha usado na van que vende comida e que nessa hora conheci uma brasileira que fazia o caminho a pé. Quem sabe ela nao está trazendo minha carteira? Resolvi ficar em frente ao restaurante (passagem obrigatória do caminho) e ir perguntando a todos, até que chegasse a tal brasileira.. Teria que ficar em Roncesvalles hoje, mas quando estava pensando em um jeito de descobrir como se fala carteira em outras linguas, chegam os lituanos (aqueles que conheci na descida) e perguntam, com uma mistura de linguas danada, se eu nao tinha perdido minha carteira. Putz, que sorte!! Eles me entregaram e explicaram que caiu quando eu estava descendo. Os lituanos salvaram meu caminho e comemoramos com cervejas e sanduiches, ainda me deram um marcador de livros magnetico da Lituania. Massa.
Segunda Parte
Problema resolvido.. parti pra segunda etapa do dia, Roncesvalles a Zubiri. Como esse trecho é absurdamente mais tranquilo e como estava tranquilo de tempo e já bem recuperado da primeira parte, segui curtindo as estradinhas (bonitas e boas de pedalar) e parando nas cidadezinhas. Notei que a tarde o caminho é bem mais vazio, muitos peregrinos só caminham de manha. No final do trecho até Zubiri, cruzei com um peregrino a pé algumas vezes, eu parava num lugar ele passava e eu voltava a pedalar e o passava de novo. A chegada em Zubiri também é em descida e foi nela que o passei pela ùltima vez.
Zubiri
Cheguei em Zubiri (uma agradável cidadezinha) ainda no meio da tarde e fui para o albergue público, que nao tinha mais camas, mas tinha colchoes numa quadra que fica ao lado. Ok. 4 euros, Credencial carimbada, fui lavar minhas roupas e, quando vejo, quem está num colchao próximo ao meu? O cara que me passava e eu o passava de novo, o Jesus (ou Rêzúz), de Madrid, gente boníssima e com quem tomei uma cerveja, batemos um bom papo e, quando fomos jantar, conhecemos uma alema e sua guia, bem falantes e engracadas. Os italianos de bike também ficaram nesse albergue.
Enfim, que dia do caralho, quando a Milvia me perguntou, a noite, como foi o dia é que eu parei pra pensar que parecia que tinham se passado dias e mais dias, mas tinha sido naquele mesmo dia que sai de SJPP todo travado. De manha com medo, de tarde congelando o pé no barro gelado e a noite menosprezando: quando o Jesus disse que achava que seria mais difícil, eu concordei sem pestanejar!! rs..





Um comentário:

  1. Que dia, hein!? Lembro dessa lugar da última foto! Muito doida essa parte. Esse bosque parece coisa de filme de terror, né?
    Que cagada foi essa com a carteira! Queoulpariul!!! Hahahahahahaha.
    Tô curtindo demais sua viagem! Ultreya!

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