terça-feira, 13 de maio de 2014

CSC - Dia 10 - Ponferrada a Triacastela


Hoje acordei cedo (depois de ontem, né? rs) e sai um pouco preocupado com a bike. Acho que nao havia falado antes, mas o transporte da bike pela Tap foi um desastre, devem ter jogado e socado a bike de formas que eu nao faria nem com um travesseiro, alèm dos inumeros arranhoes, chegou com a roda dianteira levemente empenada, com freio dianteiro com as pincas amassadas e com a suspensao zuada (mas isso acho que se deve a falta de pressao do compartimento de cargas, pois a suspa è a ar). Senti que tudo estava rangendo, corrente, freio esbarrando na roda, mas aí só lubrifiquei, dei mais uma ajeitada nas pincas de freio e lembrei que tenho dias de folga para alguma eventualidade. Bora pedalar!! Logo na saida de Ponferrada, parei do pueblo de Columbianos para o desayuno e, devido ao frio um pouco maior que nos dias anteriores (voltei a sair com corta-vento, apesar de tira-lo menos de uma hora depois), troquei o café por chocolate quente (mandei bem!), segui pelas estradinhas que acompanham a carretera ou pela propria carretera, que se funde com o caminho em alguns pontos. Em boa parte o caminho é um "passeio" ou "ciclovia" cercada ao lado da carretera. Fui nessa até que o caminho sai da Carretera para entrar na amistosa cidade de Villafranca del Bierzo, onde a porta da igreja local è o portao do perdao, onde peregrinos enfermos ou com impossibilidade de continuar no caminho poderiam encerrar sua jornada e serem perdoados por nao terem chegado a Santiago. A cidade é bem legal e o senhor que atende num café que eu parei mais ainda. Encontrei varios ciclistas que havia encontrado no dia anterior, inclusive o grupo de espanhois que encontrei em Molinaseca. [ os que fazem o caminho a pé sempre encontram as mesmas pessoas ou se desencontram e tornam a encontrar ao longo do caminho, de bike isso é mais raro, pois sempre se está mais rapido que os caminhantes, tem poucos ciclistas e, alem disso, as variacoes de quilometragem entre ciclistas sao maiores. Por isso foi legal voltar a ver as mesmas pessoas um dia após o outro ].

De Villafranca del Bierzo a Hospital Ingles foi um trecho com subidas suaves, tambem em caminhos adjacentes a estrada principal. Mas daí pra frente é que o filho chora e a mae nao ouve. O começo da subida é por asfalto, até que, em determinado ponto, se tem a indicaçao para bicicletas continuarem no asfalto e caminhantes irem pela trilha. O "espertao" aqui viu a trilha batidinha e resolveu ir por ela, pedalei metade e empurrei a outra metade, subidas fortes com pedras e eu já nao aguentava mais. [ no primeiro dia, nos pirineus, subia de 1 x 1 por opçao, pra poupar, mas agora era a única marcha que eu conseguia pedalar, rs ]. Para minha sorte o trecho de empurra bike foi curto e logo cheguei no pueblo La Faba, paradinha rápida e continuei subindo pela estradinha de terra, onde conheci Marcos, brasiliense do Rio de Janeiro, e seguimos subindo juntos. A estradinha virou asfalto e continuamos, quando já estavamos bem no alto é que percebemos que existia uma trilha alguns metros ao lado da estrada. Mas foi bom subir pelo asfalto, o Marcos já teve problemas no joelho e de torçao no pé ao longo do caminho e eu já estava revendo meus conceitos de só pedalar pela trilha.. kkkk.. nesse bate-papo e eu pedalando em ritmo de caminhada, chegamos em El Cebreiro. Confesso, apesar de estar fazendo o caminho com menos dificuldade do que eu esperava, o pedal acumulado já se fez sentir hoje e teve momentos em que tentei passar marcha mais leve que 1x1 (e dias atras, nos trechos planos, tentava passar mais pesada que 3x9, rs). 

El Cebreiro.. quando se vê o vilarejo com construcoes milenares, todo em pedra, se sabe de duas coisas: 1 - em termos de subida você cumpriu a terceira e ultima grande tarefa (pirineus, cruz de ferro e cebreiro) 2 - Você agora está na Galícia. A quem se interessar, dê uma googada sobre o calice da igreja de El Cebreiro.

Almoço peregrino (estava bem mais ou menos, mas foi apenas a segunda experiencia negativa em 11 dias, está bem) e papo com os inumeros brasileiros que estavam no vilarejo. Realmente só nao tem brasileiro no trecho em que estao o Vanderlei e o Alcebiades. Em Cebreiro tinha muitos. Eu estava em dúvida se ficava ali ou se seguia mais um pouco. A quantidade de brasileiros me incentivava a ficar e a partir, ao mesmo tempo, rs. Acabei prosseguindo. Um erro comum è achar que a subida acabou no Cebreiro e, esse eu nao cometi, sabia que se seguiriam uns 9 quilometros de descidas e subidas, passando pelo Alto Sao Roque e Alto del Poyo, fui pela trilha, em sua maior parte pedalavel e já anunciando o que estava por vir. Depois do alto do Poyo, só planos e descidas até Triacastela, se desce de 1300m a menos de 700m de altitude em pouco mais de 10 quilometros. Trilhas fantasticas, sem pneus furados dessa vez. Como já era de tarde, só encontrei alguns minhocas (pessoas da terra) e uma única peregrina, desde o El Cebreiro a Triacastela.

Cheguei e vi a placa do Albergue Municipal com anuncio de lotado. Nao tive duvidas, tomei uma cerveja no bar em frente. Sempre que tomo uma cerveja nessa viagem as coisas dao certo. Na rua de cima tem um excelente albergue privado ao bom custo beneficio de 9 euros. Jantar no restaurante ao lado do albergue. Tudo no esquema. Gostei muito de Triacastela.

Do ponto de vista de trilha, de pedal, os dois últimos dias foram ducaralho e dúvido que possa ter algo melhor pela frente. 

Detalhe 1: Estou a menos de 150 km de Santiago, devo chegar, nas CNTP, em dois ou tres dias.

Detalhe 2: novamente peço desculpas pelos posts com erros de digitacao ou de portugues, mas parar pra mandar noticia tem sido bem mais dificil do que eu imaginava que seria. rs

Detalhe 3: saí de 500 m de altitude, fui a 1300 e voltei a 650.

Detalhe 4: No trecho após o Cebreiro eu errei uma entrada e desci muito numa estradinha de asfalto, voltei pedalando e pagando pelo erro. O caminho todo atè aqui é muito bem sinalizado (exceto uma parte dentro de Burgos e um pouco depois) e eu que vacilei mesmo.























3 comentários:

  1. Inveja boa despertada aqui...

    Quando em Santiago, deguste uma Estrella Galícia e um tapito do dia por nós, de preferencia em Agarimo, na praça de Cervantes...

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  2. Tô acompanhando...muito legal... HERCÉLIO MENESES - ARACAJU/SE/BRASIL

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  3. Bonitas fotos e bonitas paisagens....muita força de espírito precisa aquele que percorre 900 klm de bicilclete....!!!!

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