sexta-feira, 9 de maio de 2014

CSC - Dia 06 - Villafranca Montes de Oca a Castrojeriz

Ontem foi o dia da hospitalidade. Além da hospitaleira gente boa demais, a Rosa, e das bebidas grátis no almoço, teve bebida grátis no jantar também. Pedi o tradicional Menu do Peregrino (entrada+prato+sobremesa+pao+bebida) e normalmente a bebida é vinho ou água, eu pedi uma cerveja e a atendente deixou a cerveja como sendo a bebida do menu. Depois, duas gringas nao conseguiram se comunicar bem e a atendente trouxe duas cervejas para elas por engano, acabei arrematando uma das cervejas "para ajudar" a atendente e quando fui pagar ela me deixou de cortesia!! 

Acho que os peregrinos do meu albergue nao tomaram cerveja gratis ontem a noite, rs, todos madrugaram e quando levantei, pouco mais de 7 da manha, o albergue estava as moscas, ninguém no imenso dormitório e apenas uma pessoa no refeitório. Como o pueblo estava "com cara" de ainda estar dormindo, deixei pra tomar café em San Juan de Ortega. 



 Arrumei tudo, saí do Albergue, atravessei a rua pra pegar água na fonte e já comecei o dia subindo. A saída foi um trecho de uns 5 km quase todo de subida, parte em trilha, parte na cidade e a maior parte em estradinha de terra. Subi em marcha leve, esquentando as pernas, e mais no final arrisquei umas aceleradas. O caminho hoje estava melhor que o de ontem, por estar mais afastado das carreteras.

Após essa primeira subida eu parei em San Juan de Ortega para tomar café num bar de um cara muito simpatico e educado, mas que parece ser bem sistemático e impaciente pelos bilhetes que deixa pregado pelo bar afora. rs..



 Bom.. a Lei da gravidade tem validade em todo o Caminho e, se subiu, tem que descer. O trecho chegando em San Juan e depois até Atapuerca foi de descidas suaves e planos, nao precisava pedalar muito e nem freiar muito, só relaxar e curtir o passeio por trechos abertos e entre arvores, ultrapassando muitos peregrinos (para variar). Depois de Atapuerca outra subida, agora um pouco pior, por trilhas e estradas com muitas pedras, mas a recompensa também foi maior, além da bela vista do topo abrangendo os pueblos onde passaria e Burgos, a descida foi insana, começou com pedras e terminou com estrada mais limpa e maior velocidade. Ao passar num pueblo um senhor me disse o que dia estava otimo para andar de bicicleta. Ele tinha razao, o dia, eu, e o Caminho.










  A entrada de Burgos é asfaltada e bem plana, passei nessa parte relativamente rápido e imagino que deve ser foda pra quem faz o caminho a pé. Nessa parte conheci uma brasileira de Curitiba, que quando me disse que seu filho também estava no Caminho, já respondi de volta "Seu filho chama Matheus?". Ela nao entendeu e expliquei a ela que dois dias antes, em Azofra, eu conheci uma brasileira (Carolina), que, ao saber que meu nome era Matheus, me perguntou se minha mae estava no caminho, porque ela havia conhecido uma mulher de Curitiba que estava no caminho e o filho dela, que se chama Matheus, também, mas seguiam separados. Depois de bater um papo com Rosemary, segui pra parte històrica de Burgos, paguei o preço promocional para peregrinos (3,50 euros) pra conhecer o interior da Catedral e realmente é muito bonita e tem detalhes e peças fantásticas, mas admito a vocês que foi a parte mais acelerada do dia, passei pelas capelas mais rápido que qualquer estrada do Caminho.. rs... depois que descobri que uma parte da Catedral é acessível de graça deu um certo arrependimento de ter entrado.. rs.. brincadeiras a parte.. belíssima Catedral de Burgos.





 Depois de abastecido parti pelo Caminho, trechos com pouca variacao de altimetria, variando entre asfalto e terra, passa Pueblo, e em Rabé de Las Calzadas um simpatico Senhor me cumprimentou fazendo referencia ao Brasil e me regalou uma medalhinha da Basilica local. Vi outras pessoas com a medalhinha, a minha eu coloquei junto a concha do Pablito.




 Estava em dúvida de onde ficar e fiz uma parada técnica em Hontanas, umas alemas insistiam em falar comigo em alemao e só ficou na gentileza reciproca, nao entendemos quase nada de um lado ou do outro. rs.. decidi seguir até Castrojeriz, próximo pueblo e praticamente só descida.





  Esse último trecho do dia começa em trilha estreita. Muito bom ter passado a tarde (com fluxo de caminhantes já quase zerado) ou "perderia" essa parte. Depois segue um asfalto plano, pra dar aquele sprint final. Tive um pouco de dificuldade pra achar o albergue, mas encontrei, guardei a bike e esse albergue funciona a base de donativos. Ao contrario do que poderia parecer, tem excelente estrutura, o melhor chuveiro atè agora e uma hospitaleira tambèm muito simpatica.

Detalhe 1: estou muito bem adaptado a culinaria espanhola (tá, eu sei que gordinho se adapta com qualquer comida). Devo ser um dos raros casos de pessoas que engorda no caminho.

Detalhe 2: Hoje passei de 80 Km pedalados e amanha deve ser um pouco mais.. trechos planos..

4 comentários:

  1. De agora em diante começa a parte mais chata: a meseta. Tudo muito plano. E frutas pelo caminho? tem encontrado? Está na época das cerejas, eu acho. Você esteve no bar de Vicentino em Rabé? também ganhei uma medalhinha de Nossa Senhora das Graças por lá onde é conhecida por Virgem da Medalha Milagrosa. Estamos acompanhando. Buen Camino!

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    1. Carlos. .. nao tenho visto frutas... muitas flores... belo de ser ver, mas nao pra comer. Rs. Na verdade eu só passei pelo pueblo de rabe e so parei msm pra ver e tirar fotos. Qdo estava pedalando pra ir um senhor, de longe , viu a bandeirinha do Brasil e me gritou. Chegou todo feliz, pediu pra eu esperar e voltou com a medalinha. Nem deu tempo de conhece-lo, ja me cumprimentou e voltou ao seus afezeres ( pelo q pareceu no albergue ). Valeu !!

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  2. Tá bonito!!! Avante!

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  3. Tô acompanhando...muito legal... HERCÉLIO MENESES - ARACAJU/SE/BRASIL

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